Imagem capa - Parto humanizado - Relato por FERNANDA SIMÃO Fotografia
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Parto humanizado - Relato

Como descrever tamanha emoção, tamanha explosão de sentimentos?!
vou contar um pouquinho como cheguei e porque decidi pelo parto humanizado.


Acho que o desejo de muitas mães é fazer um parto natural, mas o que é um parto natural? 

É aquele vaginal, apenas isso?

Para mim tinha que ser muito mais além disso.

Como fotografa já acompanhei muitos partos dentro desses 9 anos de profissão, cesária e o parto normal (aquele mais comum dentro da centro cirúrgico). O parto em si é um momento muito emocionante, nascimento de uma nova vida.... é lindo, um momento único.


Chegou o meu momento de ser mãe, e queria algo a mais. Queria estar a frente deste MEU momento. O Nascimento da minha filha. O meu nascimento como mãe. 





O parto em si era algo que não sabia o que esperar, não tinha ideia se sentiria dor, da grandeza dessa dor, seja cesária seja normal, entendi que não gostaria de passar por um cirurgia sem necessidade e também que como mulher meu corpo era preparado para aquele momento e eu poderia buscar formas de me preparar fisicamente e psicologicamente.


Como algumas gestantes já tinha uma obstetra que estava me acompanhando, porém com 28 semanas aproximadamente mudei toda a equipe, após conversar com profissionais que acompanham partos naturais. Não estou generalizando, mas existe sim muitos obstetras que preferem e indicam a cesária; e eu não queria fazer uma cesária se não houvesse nenhum problema comigo ou com o meu bebê.


Então, fui buscar uma equipe, uma obstetra, que tivesse como sua base de trabalho o parto humanizado, pois sabia que na hora H esse profissional estaria do meu lado, teria paciência, que me tranquilizaria, que estaria sempre de olho em mim e no meu bebê. E que qualquer intervenção (cesária ou epsiotomia - corte no períneo) só seriam feitos se realmente fosse necessário e não pq meu parto estava demorando e qualquer outro porém seria me dado para mudar aquele meu momento.


Fui pesquisar,  ler sobre o assunto e li muito, vi filmes e videos sobre o humanizado. E cada vez mais entendi que aquele era o certo para mim. As pessoas, me chamavam de corajosa, eu? Pq? Apenas queria algo que a natureza me preparou para aquilo. Me perguntavam se ela nasceria na água, se não tomaria nenhuma anestesia, “meu D’us mas sem anestesia?!?! “Não… pessoal perai. Não é bem assim… Posso tomar anestesia sim, é só eu pedir, ela pode nascer na água, mas água também é uma forma de ajudar a relaxar ( e como relaxa viu!), pode nascer na posição que eu, Mãe, acho mais confortável ficar naquele momento, seja de cócoras, em pé, quatro apoios, deitada, como eu me sentir melhor.


Encontrei por volta de 28 a 30 semanas, a equipe ideal. Aquela que me fez sentir confiança de que meu parto seria o mais adequado.


Tinha a certeza que assim que minha bebe saísse da minha barriga ela seria no mesmo momento entregue aos meus braços, que o cordão umbilical seria cortado apenas quando parasse de pulsar (pois dessa ela trocaria a respiração de forma sutil, de cordão para nasal), não seriam feitas tantas intervenções no bebe, que teria uma luz baixa, e não um foco de luz em seus olhinhos que ainda nem se acostumaram com esse novo mundo, seria examinada em meus braços e já colocada para mamar rapidamente.


Encontrei na Casa Moara a Doutora Andrea Campos, que com a sua segurança no olhar e firmeza na fala entendi que ela estaria comigo no nascimento da minha Catarina.

Junto a ela, Cristina Balzano como minha obstetriz e Cassia Tozo minha doula, que traria todas as técnicas de relaxamento e massagem para os momentos de maior dor.


Bom, com 39 semanas e 3 dias as tais das contrações começaram a aparecer. Minha barriga contraída e umas leves dores na lombar apareciam junto, ainda não tinha certeza mas estava entrando em trabalho de parto.

as 18h30 as dores começaram a se intensificar e acionei toda a equipe, monitorei por uma hora mais ou menos os intervalos e estavam de 10 em 10 min.


A noite foi caindo e as contrações foram ficando um pouco mais fortes e com intervalos mais curtos. Por volta de 2h da manhã pedi para minha Doula vir ate minha casa, para me ajudar com as dores, que neste momento já estavam mais chatas (“engraçado” nesta fase que vem a contração, doi e passa; quando passa podemos ate sair dançando. Dai ela volta…como uma onda)
Com a Doula já em casa, me ajudou com massagem na lombar e me sugeriu alguns movimentos circulares para relaxar.

Passaram-se mais duas horas com contrações a cada 3 min em média decidimos por fim ir ao hospital. Avisamos a Obstetriz que nos receberia no próprio hospital.


Alta madrugada 4:30 da manha aproximadamente.

No hospital, os batimentos cardíacos da neném estavam ótimos, já estava com +- 7 cm de dilatação. Sim, as dores estalavam mais chatinhas, bem mais chatinhas com intervalos de 2 min ou menos.


Fui encaminhada para um quarto especial chamado Labor, nada mais é que um quarto com banheira, chuveiro, maca e aparelhagem para o parto (bem diferente do centro cirúrgico)


Preferi ficar embaixo d’agua, água quente realmente me relaxa e me ajudava muito com as dores. Revezei entre banheira e chuveiro. 


Quando finalmente cheguei aos 10cm de dilatação e meu corpo já estava “expulsando”, nosso corpo é tão sabia que naturalmente ele te induz a fazer força. As contrações chegavam e eu sentia muita vontade de fazer força.


Sol nascendo (estava um dia lindo) momento perfeito eu acho.

por volta de 7 da manhã, a Dra me indicou ir para uma banqueta que parece um “U” que ali ficaria sentada, praticamente de cócoras com meu marido me dando sempre muito apoio e neste momento me segurando também (é estava quase chegando o grande momento)

Não falei muito do papai até aqui, mas ele teve papel fundamental em todo o processo. Desde a gestação, em me apoiar no tipo de parto que achava mais adequado, na escolha da equipe, e no momento do parto então! O apoio e a confiança dele em mim foi extremamente importante. 


Chegou o grande momento, confesso; nessa hora me bateu um certo desespero, pois a dor era muito intensa e minha concentração estava um pouco mais abalada, até aquele momento não senti a necessidade de uma anestesia, realmente EU não achei q seria necessário, pq as dores vem e vão e achei que poderia seguir suportando-as.

A passagem do colo do útero foi o momento em que a dor p mim foi muito forte e já estava cansada, mas ai que a equipe entra com toda força. Tanto a doula, como a Obstetra e a Obstetriz me olhavam e diziam “Vamos Fê, esta quase, ela esta quase chegando. Está tudo certo, está tudo muito bem.”Os batimentos da neném estavam ótimos, sendo monitorados a cada instante ( e isso traz uma calma enorme)

Passou o colo do útero chegamos no chamado circulo de fogo, UI, quando a cabeça da bebê começa a coroar, já era possível sentir até o cabelinho, ok! Senti muito medo, esta muito cansada e fiquei com receio de ter uma laceração e sentir a dor da laceração. Mas dai novamente chega mais uma contração e seu corpo te ordena fazer força… após 2 ou três dessas. Catarina Nasceu!


(sobre a laceração - foi extremamente importante os exercícios que fiz de fortalecimento de períneo e alongamento com um aparelho chamado "Epi-no" durante algumas semanas ao final da gestação. Não tive corte nenhum e uma recuperação incrível. Vale a pena mamães que buscam o mesmo tipo de parto).


Saiu a Cabeça e em mais uma força saiu o corpinho e Acabou, como se nada tivesse acontecido as dores passaram e passaram MESMO, sem exagero algum.


A Dra Andrea a Colocou em meus braços e a mistura de adrenalina, emoção, amor, tomaram conta da sala. Sorrisos apareceram, alivio. Foi um momento SENSACIONAL. Que ainda não acho palavras para descrever.


Ainda de cócoras me levantei com a Catarina nos braços e fui deitar na maca para descansar. (Sim, levantei - SEM DOR - e andei até a maca.)


Dei de mamar, ela pegou rapidinho, Não chorou nenhum minuto, nasceu de olhos abertos olhando para a mamãe e o papai. Segurou no primeiro minuto de vida o dedo do papai, que não se aguentava de tanta emoção.


Após aproximadamente 10 min (eu acho) a placenta saiu, totalmente indolor, esperamos parar de pulsar e papai cortou o cordão.


Catarina estava mamando, não saiu do meu colo em nenhum momento. Apenas umas 1h30 depois ela foi para colo do papai e eu levantei para tomar um banho (em pé e sozinha) me sentindo super bem.


Como faz diferença esse contato, essa ligação que temos no momento que o bebê chega ao mundo. Foi de extrema importância. Foi intenso, foi renovador. Me senti uma mulher muito mais forte por ter vivido aquele momento de trazer a minha filha ao mundo, Deixei medos de lado e lutei por algo muito maior que eu. Achei força que não sabia que existia. 


Um conjunto para que tudo isso fosse possível; Cabeça e corpo consciente e certo do que quer, Equipe que te de tranquilidade e segurança de que respeitarão sua escolha.


Catarina nasceu com 2.875g e 48 cm, um bebe tranquilo, meigo, que mama e dorme muito bem. Estamos apaixonados por ela e esse amor só aumenta e enche meu coração a cada hora!!


Obrigada a toda a equipe:


Doula: Cassia Tozo - Casa Amaya @casa_amaya

Obstetra: Andrea Campos - Casa Moara @casamoara

Obstetriz: Cristina Balzano